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MPF e PF: Força-tarefa da Lava Jato une esquema ao mensalão pela 1ª vez

Pela primeira vez desde o início da Operação Lava Jato, em março de 2014, a força-tarefa composta por procuradores do MPF (Ministério Público Federal) e da PF (Polícia Federal) fez uma ligação direta entre o escândalo de corrupção identificado na Petrobras para financiar partidos políticos e o esquema do mensalão, descoberto em 2005 e que levou políticos e empresários para a prisão.

Nesta sexta-feira (1º), após a 27ª fase da Lava Jato, chamada de Carbono 14, o procurador do MPF (Ministério Público Federal) Diogo Castor de Mattos explicou que se tratam de “esquemas relacionados”.

Mattos disse que, “grosso modo, havia na época empresas do senhor Marcos Valério que conseguia empréstimos em instituições financeiras […] e posteriormente essas instituições financeiras eram agraciadas com algum favor do governo federal”.

— Agora, o esquema é parecido […]. Estamos analisando fatos de outubro de 2004, e o mensalão veio à tona em maio de 2005. O esquema [descoberto agora] ocorreu concomitantemente ao mensalão e, por isso, você vai ter a coincidência de alguns personagens, como o senhor Marcos Valério.

Nesta sexta-feira, a 27ª fase da Lava Jato prendeu temporariamente o ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira e o empresário Ronan Maria Pinto, dono de um jornal e uma empresa de ônibus em Santo André (SP). O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o jornalista Breno Altman foram conduzidos coercitivamente para prestar depoimento.

Celso Daniel

O procurador do MPF detalhou a suposta ligação entre o repasse de R$ 5,7 milhões para o empresário Ronan Maria Pinto e a morte de Celso Daniel, em 2002, quando era prefeito da cidade de Santo André (SP). Mattos disse que, “no caso de Ronan Maria Pinto, busca-se investigar a razão pela qual ele recebeu esse dinheiro”.

— Essa é a grande pergunta. Temos algumas teses, mas nada comprovado. Queremos saber a razão para ele ter recebido R$ 6 milhões do banco Shahin. […] É uma questão para investigação que ainda está em aberto. […] Em princípio, ele não é envolvido com campanhas políticas, não é um marqueteiro, é um investigado” por um esquema de corrupção.

O integrante da força-tarefa da Lava Jato reforçou que, “basicamente, é objeto da operação é o crime federal de lavagem de dinheiro”. Segundo ele, Ronan Maria Pinto foi condenado na 1ª Vara Criminal de Santo André por um caso de pagamento de propina entre os anos de 1999 e 2001.

— Nosso objeto é mais restrito que o da Justiça de São Paulo. […] Os desdobramentos em relação a Santo André acho que cabe ao Ministério Público Estadual. Se evidências surgirem na investigação, haverá compartilhamento e provas, mas, em princípio, o objetivo é esclarecer o caso de lavagem de dinheiro.

Questionado sobre o porquê do nome Carbono 14 para a operação desta sexta-feira (1º), o delegado da PF Igor Romário de Paula disse: “As investigações de hoje, apesar de atuais, também tratam de fatos antigos e estão no imaginário popular, em tese, ainda não esclarecidos”. Trata-se de uma referência à morte de Celso Daniel.

Celso Daniel foi assassinado em 2002. A morte do ex-prefeito está ligada a um suposto esquema de corrupção que envolvia empresas de ônibus em Santo André. Um grupo de empresários do setor pagaria uma espécie de “mesada” para a Prefeitura a fim de evitar multas e o fechamento das empresas.

Daniel teria descoberto o esquema e mandou instaurar uma sindicância para apurar o caso. Após seu assassinato, sete pessoas ligadas ao caso tiveram mortes misteriosas.

 

R7

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