Home / Internacional / Príncipe visita locais sagrados e polêmicos em Jerusalém

Príncipe visita locais sagrados e polêmicos em Jerusalém

O Príncipe William, do Reino Unido, encerrou nesta quinta-feira (28.06) uma delicada visita a Israel e aos territórios palestinos com uma excursão pelos locais sagrados e polêmicos de Jerusalém. Em seus quatro dias na região, ele reforçou diversas vezes que sua presença não tinha caráter político.

Políticos da direita israelense criticaram o fato de a visita do príncipe a Jerusalém Oriental e à Cidade Velha ter sido apresentada pelos britânicos como sua presença em territórios palestinos ocupados.

Esta foi a primeira viagem de um membro da família real britânica à região desde que o Reino Unido deixou de governá-la em  1948, o ano da independência e da fundação do Estado de Israel e do início da guerra árabe-israelense, que provocaram o êxodo de cerca de 750 mil palestinos.

Em sua visita a locais sagrados para muçulmanos, judeus e cristãos em Jerusalém, William trocou apertos de mão com clérigos e sacerdotes e ingressou no Domo da Rocha e na mesquita de Al-Aqsa. Ambos se localizam em um local reverenciado pelos muçulmanos, que o denominam de Nobre Santuário, e pelos judeus, que o chamam de Monte do Templo. No passado, o local abrigou templos bíblicos.

Minutos mais tarde, acompanhado por rabinos, William foi ao Muro das Lamentações, no sopé da colina sagrada, e passou por barreiras policiais que contiveram uma multidão de curiosos.

Usando um solidéu e seguindo a tradição judaica de introduzir uma oração escrita em uma fenda do muro, ele repousou a palma de uma mão contra a parede e se inclinou para uma reflexão silenciosa. Separadamente, ele escreveu no livro oficial de visitas do Muro das Lamentações: “Que o Deus da paz abençoe esta região e todo o mundo com a paz”.

Em seguida, William visitou a Igreja do Santo Sepulcro, ponto de peregrinação cristã onde se acredita que Jesus foi enterrado.

Os locais sagrados que ele visitou se situam em Jerusalém Oriental, capturada por Israel dos árabes na Guerra dos Seis Dias, em 1967. A ocupação israelense dessa área, cuja soberania é requerida pela Autoridade Nacional Palestina, não tem respaldo internacional. Os palestinos pretendem fazer de Jerusalém Oriental a capital do Estado que almejam criar na Cisjordânia e na Faixa de Gaza.

Antes de comparecer aos locais sagrados, William fez uma visita ao túmulo de sua bisavó, a princesa Alice, em Jerusalém. Ela foi homenageada por Israel por ter abrigado judeus em seu palácio, na Grécia ocupada pelos nazistas, durante o Holocausto.

A princesa Alice, sogra da rainha Elizabeth, está enterrada em uma cripta na Igreja Ortodoxa Russa de Maria Madalena, no Monte das Oliveiras, perto da Cidade Velha de Jerusalém. Cristã devota, ela morreu em Londres em 1969 e pediu para ser enterrada em Jerusalém.

Netanyahu e Abbas

Em sua passagem por Israel, o príncipe se reuniu com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, em Jerusalém, e depois se encontrou com o presidente israelense Reuven Rivlin. O presidente pediu a William que transmitisse uma mensagem de paz ao presidente Mahmoud Abbas durante sua viagem à Palestina.

William se reuniu com Abbas na quarta-feira, na Cisjordânia ocupada. Abbas defendeu a seriedade dos palestinos para alcançar a paz com Israel e sua aposta na solução de dois Estados. O líder palestino afirmou que a visita do duque de Cambridge “fortalecerá as relações entre a Palestina e a Grã-Bretanha”, agradeceu o apoio do povo britânico aos palestinos e mencionou a ajuda que o Reino Unido proporciona à Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA).

Embora a proposta da visita fosse de caráter apolítico, William saiu do protocolo da linguagem diplomática e se referiu aos territórios palestinos como um “país”. “Obrigado por me receberem. Estou muito feliz com a estreita colaboração entre nossos dois países e com os sucessos alcançados nos campos da educação e da ajuda humanitária”, disse ele, falando sem consultar anotações.

A comunidade internacional geralmente se abstém de se referir aos Territórios Palestinos como um Estado ou um país. A Assembleia Geral das Nações Unidas concedeu em 2012 o status de Estado observador não-membro à Palestina. A expectativa é que os Territórios Palestinos formem, no futuro, Estado independente, com fronteiras definidas, a que os palestinos aspiram.

O Ministério das Relações Exteriores britânico não comentou tais declarações.

Em 2016, um deputado da direita israelense provocou uma série de protestos ao parecer questionar a existência do povo palestino, sob o argumento de que a letra P não existiria no idioma árabe e que Palestina seria um nome de empréstimo. Parte da direita israelense  é hostil à criação de um Estado palestino, e alguns membros do governo apoiam a anexação de pelo menos parte da Cisjordânia.

O horizonte da paz nunca pareceu tão distante e, para o príncipe britânico, o exercício diplomático é delicado. Sua visita ocorreu pouco mais de um mês depois da inauguração da embaixada dos Estados Unidos em Jerusalém – um endosso do presidente Donald Trump  ao reconhecimento da cidade como a capital de Israel.

 

Veja

Twitter: @estrelaguianews

 

 

About rosano

Check Also

Jornalistas de Portugal fazem primeira greve geral em mais de 40 anos

  Por MediaTalks by J&Cia Londres – O Sindicato de Jornalistas de Portugal confirmou que ...

Deixe uma resposta