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Reskilling: como aproveitar talentos internos para a economia digital?

Por Vitor Cavalcanti

É inegável a falta de profissionais de tecnologia no Brasil. Dados da McKinsey mostram que se continuarmos neste ritmo de crescimento e formação de talentos, até 2030 teremos 1 milhão de vagas não preenchidas no país. Apesar de não ser algo novo para as empresas, precisamos pensar em alternativas para esse cenário. Uma delas é o reskilling, ou seja, aproveitar talentos internos para a economia digital.

É extremamente positivo quando uma empresa opta por investir em seus próprios funcionários para exercer novas funções em vez de demiti-los e fazer novas contratações. O profissional que já é de casa conhece a cultura da empresa, os produtos ou serviços oferecidos e os clientes, então, diversas etapas do processo de contratação e integração são eliminadas. Um exemplo disso é o que um grande banco está fazendo. Por meio de parceria com uma escola de programação, está treinando funcionárias de outras áreas para atuar em tecnologia.

Já empresas menores esbarram em alguns desafios ao tentar reter talentos internos, principalmente pela falta de recursos para competir com startups. Essas organizações podem, por meio de parcerias com consultorias e/ou instituições de ensino, gerarem diversos benefícios para suas equipes, com treinamentos e troca de conhecimentos diversas.

Digitalização responsável

A digitalização impacta diretamente os empregos, já que demanda por talentos mais qualificados, além de eliminar determinados postos de trabalho. Quando falamos sobre esse assunto, também precisamos falar sobre a digitalização responsável, que está interligada com ESG.

Antes de implementar uma inovação tecnológica nas empresas, um processo que pode ser interessante para minimizar eventuais impactos negativos em pessoas é o mapeamento dos talentos que possuem capacitação para continuar no departamento mesmo depois de, por exemplo, uma grande automação. Aqueles que não possuem, poderiam receber treinamentos para seguir atuando nessa mesma área da empresa. Em casos em que a demissão for inevitável, o profissional já teria uma nova habilidade para tentar se recolocar no mercado de trabalho com mais facilidade.

Diversos setores passam por transformações tecnológicas que afetam o grupo de funcionários em menor ou maior grau. Um exemplo já consolidado foi a automação do processo produtivo na indústria automobilística. Havia um entendimento de lutar pela manutenção dos empregos e esqueceu-se de capacitar as pessoas para ocuparem novas posições, em detrimento de usar tecnologias que estavam obsoletas.

Assim, entendo que cada vez mais temos elementos que apontam para a importância de dar mais atenção aos profissionais internos e aproveitar esses talentos na jornada de transformação da empresa, seja por um senso de responsabilidade maior e acolher as pessoas em momentos de grandes mudanças ou mesmo para acelerar o processo de preencher vagas como as de tecnologia a partir do treinamento de pessoas que já possuem a cultura da empresa.

 

*Vitor Cavalcanti é diretor-geral do Instituto IT Mídia

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