A tragédia do ensino no Brasil será um caminho sem volta se não conseguirmos reconhecê-la e descrevê-la de maneira apropriada
Há muito se fala da urgência de se melhorar o estado da educação no Brasil, em termos que revelam claramente a perda da capacidade de narrar o que está acontecendo diante dos nossos olhos. A tragédia do ensino no Brasil será um caminho sem volta se não conseguirmos reconhecê-la e descrevê-la de maneira apropriada. O pensador austríaco Ivan Illich, há quase 50 anos, já havia notado um dos paradoxos que distinguiam a educação de todos os demais esforços humanos. Enquanto nos sistemas de transporte, na área militar e industrial, na informática e nos demais ramos da atividade humana o investimento dava resultados imediatos e evidentes, na educação ele resultou num sistema de ensino em que abundam problemas graves como indisciplina, criminalidade, tráfico de drogas e permissividade sexual.
O mesmo século 20 que viu a consolidação do sistema de ensino universal e obrigatório testemunhou também a severa queda na capacidade de proficiência em leitura. Donald Wood, no livro Post-Intellectualism and the Decline of Democracy, escrito em 1996, revela como a proficiência em leitura, nos Estados Unidos, estava em quase 90% no início do século 20 e, depois de todo o investimento em educação.
Gazeta do Povo
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