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António Guterres destaca papel da ONU para garantir uma Internet gratuita e segura

Publicado por: Rosano Almeida

O secretário-geral da ONU, António Guterres, participou na última terça-feira (26) do 14º Fórum de Governança da Internet das Nações Unidas. Organizado pelo governo da Alemanha, o tema deste ano “Um mundo. Uma rede. Uma visão” marcou o trigésimo aniversário da queda do Muro de Berlim.

O secretário-geral destacou a ONU como a “plataforma apropriada” para enfrentar esses desafios globais e encorajou os participantes do fórum a compartilhar conhecimentos sobre políticas e a concordar com alguns princípios comuns básicos, entre outras recomendações.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, participou na última terça-feira (26) do 14º Fórum de Governança da Internet das Nações Unidas. Organizado pelo governo da Alemanha, o tema deste ano “Um mundo. Uma rede. Uma visão” marcou o trigésimo aniversário da queda do Muro de Berlim.

Na ocasião, Guterres expressou sua frustração: “não apenas estamos construindo muros físicos para separar as pessoas, mas também há uma tendência de criar muros virtuais na Internet, para igualmente afastá-las”.

A menos que os países trabalhem juntos para resolver as lacunas no acesso digital, bem como as divisões sociais e políticas relacionadas, essa geração será lembrada como aquela que “arruinou a promessa inicial da Internet”, alertou o secretário-geral da ONU.

“Conectar todas as pessoas do mundo até 2030 deve ser nossa prioridade compartilhada, não apenas para o desenvolvimento sustentável, mas também para a igualdade de gênero”, disse ele, destacando o papel da Internet na conquista de um futuro mais igualitário.

Acesso desigual

O secretário-geral disse que o objetivo de uma Internet acessível, gratuita, segura e aberta corre o risco de se fragmentar ao longo do processo, que entende como três linhas que se cruzam: a divisão digital, uma social e outra política.

Mundialmente, cerca de 3,6 bilhões de pessoas não têm acesso à Internet de baixo custo, relatou Guterres. O mais alarmante é que essa divisão digital afeta principalmente as populações dos países menos desenvolvidos, onde a Internet poderia ter impacto ainda mais transformador.

Enquanto isso, a desigualdade de gênero relacionada à conectividade continua a aumentar, acrescentou.

“No mundo todo, 327 milhões de mulheres a menos do que homens têm um smartphone e podem acessar a Internet móvel. As mulheres também são drasticamente minoria em cargos de tecnologia da informação e comunicação, alta gerência e carreiras acadêmicas no setor tecnológico. Outro dado é que 90% das startups que buscam capital de risco foram fundadas por homens.”

Além disso, dada a natureza polarizadora de muitos conteúdos online, Guterres alertou que a segmentação digital pode “agravar” as divisões sociais.

Reféns dos algoritmos

“Minha convicção é que a Internet pode ser uma força poderosa para o bem, mas estamos vendo também que é uma ferramenta que pode ser facilmente usada de forma nociva. Os algoritmos que determinam as mídias sociais podem nos prender nas câmaras de eco de nossas próprias opiniões e preconceitos”, afirmou Guterres.

A liderança da ONU ainda observou que o discurso político e a sociedade em geral estão sendo influenciados por uma “indústria ainda não regulamentada de provedores de mídia social”, enquanto a inteligência artificial está sendo usada para manipular eleitores, rastrear defensores dos direitos humanos e coibir as divergências.

“Também precisamos entender a relação entre avanços digitais e desigualdade”, acrescentou. “Sabemos que a desigualdade e a exclusão geram instabilidade e conflito social. Também compreendemos que as tecnologias digitais, dependendo de seu uso, podem ser uma força que amplia as brechas sociais ou as reduz”.

Voltando ao que considera a “divisão potencialmente mais perigosa”, o secretário-geral destacou a ameaça que a divisão política representa para os sistemas de comércio, segurança e Internet.

Ciberespaços em conflito

“Vocês estão familiarizados com a política em torno das tecnologias 5G. Também estão cientes dos esforços crescentes de alguns Estados em construir fronteiras cada vez mais difíceis no ciberespaço, por um lado, e do número cada vez maior de ataques cibernéticos transnacionais, por outro. O conflito virtual de baixa intensidade entre os principais Estados não é uma previsão futura, mas uma característica dos tempos atuais”, afirmou.

Guterres pediu ainda uma ação coletiva para combater esses perigos em potencial, alertando que “se não trabalharmos juntos para resolver essas divergências, seremos lembrados como a geração que arruinou a promessa inicial da internet”.

Papel da ONU é fundamental

O secretário-geral destacou a ONU como a “plataforma apropriada” para enfrentar esses desafios globais e encorajou os participantes do fórum a compartilhar conhecimentos sobre políticas e a concordar com alguns princípios comuns básicos, entre outras recomendações.

Também incentivou a explorar a possibilidade de estabelecer um Compromisso Global de Confiança e Segurança Digital, conforme recomendado pelo Painel de Alto Nível da ONU sobre Cooperação Digital, lançado no ano passado, que visa estabelecer normas globais do ciberespaço.

Guterres anunciou que em breve nomeará um enviado de tecnologia que ajudará a nutrir um futuro digital compartilhado, que coloca as pessoas em primeiro lugar, além de ajudar a superar as desigualdades.

 

Assessoria da ONU

 

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